Fernando Varela

O poeta  nada mais é do que o escravo das suas próprias palavras

Textos

*CARTA AO FILHO
Nasce, criança!
Nasce com todo esse canto de pássaros, com todo esse sono dos outros, nasce.
Rompe esse céu, esse momento, essa suposta paz e penetra essas árvores beijando o chão.
Nasce, criança!
Abandona esse ventre de nuvens que te prende.
Abocanha essa manhã que inventaste e cria teus raios no campo dos sonhos.
Brinca com o vento e chora um pouco.
Canta, criança, canta.
Canta, que sabes ser primavera. Canta e nina esse meu cansaço.
Nasce, criança!
Abre o peito, o jeito, o gesto eterno de ter nascido.
Nasce, interrompe esse instante, esse dia branco e nasce de novo.
Sou teu pai!

*(poema escrito em 15/11/1985. Minha filha Raíssa nasceu em 2/12 do mesmo ano.)
Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 28/03/2019


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