Fernando Varela

O poeta  nada mais é do que o escravo das suas próprias palavras

Textos

O MEU EPITÁFIO
Enquanto a morte me espreita eu espreito a vida. Enquanto o meu dano é dano eu não me dano. E enquanto a verdade seja a verdade a mentira que se dane.
Sou assim. Um pequeno poeta que abraça as suas palavras como se abraçasse uma pequena poesia, que de pequena não tem nada e de poesia tem de tudo.
A brincadeira das palavras me consola e a covardia do consolo me deprime. A verdade que não é verdade me assusta ao mesmo tempo em que a mentira assustadora me faz enxergar tudo o que eu já sabia, via, convivia e mesmo assim não alivia.
Enquanto o tempo for meu parceiro, vou continuar a dormir em cima do travesseiro da minha insônia e, quando desperto, voltar a sonhar a lembrança do sonho que não me lembro.
Enquanto eu for vida, assim serei a vida inteira. E quando morto, continuarei sendo a inteira vida.    
Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 02/12/2017
Alterado em 02/12/2017


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