Fernando Varela

O poeta  nada mais é do que o escravo das suas próprias palavras

Textos

AS NOSSAS BODAS
Primeiro o Algodão em busca de um Papel para te escrever.
O Trigo nos alimentou no nosso pão de todo dia.
A Cera encerou nosso assoalho protegendo o alicerce do nosso lar.
A Madeira engrandeceu a casa para que houvesse Perfumes e pudéssemos ser acolhidos nos cobertores de Lã.
O Cobre, tão necessário, acalentou a Cerâmica que nos foi permitida.
Vieram o Estanho, o Aço, para que a Seda se transformasse em Linho.
Veio também o Marfim, uma de suas cores preferidas, e tudo era simplesmente, um imenso Cristal.
A pedra de Safira nunca te dei. Mas te ofertei com Rosas cheirosas, substituindo a Turqueza que não pude encontrar.
E quando nos encontramos envolvidos numa colcha de Crefone, nos damos conta que ainda somos a Porcelana que nos guia para a próxima comemoração de bodas.
E nas tempestades que juntos enfrentamos, pudemos nos abrigar nas forças espirituais do Zircão.
A Louça ficou intacta. Jamais será quebrada enquanto cuidarmos da sua fragilidade.
Quando nos deparamos com a Palha, percebemos o quanto é possível sempre seguir em frente.
Nos contemplou a Opala, com a sua experiência tão vivida e tão aflorada. Afinal, são apenas vinte e quatro anos.

FERNANDO VARELA
Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 19/06/2017
Alterado em 19/07/2021


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