Fernando Varela

O poeta  nada mais é do que o escravo das suas próprias palavras

Textos

O OUTRO LADO
Sou eu quem acaricia a vida e se encontra resguadado.
Sou eu quem soluça um pranto e pratica a gargalhada. Sou eu.
Sou eu quem se alimenta de espaços e conquista a solidão, mesmo abraçando rostos em plena multidão.
Sou eu quem beija o desconforto e se conforta na compaixão.
Sou eu quem sempre chega sem escolha de caminhos, sem se dar conta de distâncias e quem mergulha no infinito, alçando voo para ansiedade.
Sou eu quem se apaixona sem o compromisso do acerto, sou eu.
Sou eu quem aguarda as manhãs sadias, quem tem fome e não alcança a fruta, quem busca, quem chora, e se despe para um colo desafiando o próprio amor.
Brevíssimas palavras tão breves que o encanto silencia.
Curvar-me-ia aos santos protetores, de minha, de vossa proteção ainda desprotegidos.
Sou eu um pouco da cólera dos ventos como se cantasse, na mais plena harmonia, jamais desafinada, o canto dos pássaros.
Sem lamentações, sem tempo de ter tempo, assim sou eu.

FERNANDO VARELA  
Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 09/09/2016


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