DÍVIDAS, DÚVIDAS E DÁDIVAS
Alguém, infinitamente superior, permitiu e assim me foram concedidos os caminhos da mágoa e do perdão. Ainda me foi permitido sentir o cheiro das águas (ainda que inodoras) e acreditar em todos os olhares (ainda que cegos) e que por teimosia não quisessem enxergar.
Dessa forma passei a compreender o quanto o nosso caminho é tão curto e quanto ainda é necessária a grande reflexão por que teimamos em querer desvendar o mistério de nós mesmos, quando o medo sempre nos apavora. E o medo nada mais é do que apenas um pequeno fantasma que insiste em tentar roubar a nossa paz (feito um ladrão incapaz) que tanto procura e nada encontra. As nossas dívidas são apenas as nossas dúvidas que um resto de sono jamais vai conseguir acalentar e nem mesmo alimentar o alimento de nossas fomes. Assim passamos a acreditar nas dádivas. Eu não quero que os nossos carinhos passem a ser simplesmente a cumplicidade, ou apenas o companheirismo da nossa distante, ainda, velhice. Ainda precisamos de imensos sorrisos, enormes gargalhadas de muitas alegrias, que continuam reservadas dentro das surpresas que hão de nos surpreender. Alguém, de uma superioridade infinita, fez com que eu fosse dotado dessa minha natureza e assim pudesse dentro do meu silêncio (por mais angustiante que seja o silêncio) abrir as minhas mãos, estendê-las e pedir que você percorra os nossos destinos, sempre e eternamente juntos.
Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 11/07/2013
Alterado em 13/08/2018 |