VOCÊ, MINHA ETERNA POESIA (dia dos namorados)
Hoje é dia de falar de amor. Sabe, aquele dia em que a gente pensa, repensa, fica meio boboca e quer dizer um monte de coisas bonitas... Até mesmo achar que é possível esperar você assim, embrulhada num papel com laço de fita vermelha. Dia de dizer das coisas amadas, das suas tranças coloridas, dia até de não mais saber. Dia de te achar inteira, em termos, em partes quebradas ou pela metade. Dia de te encontrar nos caminhos de sempre, dia de te perder num turbilhão de vagas, de um ser para não ser que não se sabe como. De um muito que já é tão pouco, de um tudo que já está quase mudo, de volta que não teve início, de um princípio que não continuou, de um pedir pra não tirar o que foi de repente, um não mais reprimir, um não quebrar as arestas aparecidas e te levar pelos caminhos afora pra te dizer que te amo muito, mostrando as nossas coisas antigas e que te quero como você é, como você puder chegar. E que você me abra devagar os seus braços para os meus amanhãs brancos como o voo das gaivotas e eu espero que nesse dia dos namorados, você abrace meu poema, mesmo ensaiando um riso e dizendo que eu nunca soube dizer que te amo , mas que você sinta a chegada quando já não havia mais fé nas cheganças. Que você não tenha descrenças e me escreva bilhetes se não puder trazer o presente. Mas escreva novas frases e me faça acreditar nas suas buscas e espantos. E venha aqui pintar um arco-íris espontâneo e inesperado nos meus dias de solidão. E espero que você cante as canções que ainda estão escondidas em sua garganta e que busque coragem para olhar nos olhos das paredes de sua angústia. Você que prometeu não fingir, prometeu prometer, você que não veio de muitas dores trazendo velhos receios, você que veio sem saber como ficar.
E em meio a esse amor tamanho, aguardo com ansiedade no portão. Os olhos nos olhos, as mãos nas mãos, porque é só o que vale. E escreva. Escreva um bilhete, uma carta, uma frase, mas escreva. E não adianta dizer que não sabe escrever. Como? Coisas simples que saem de dentro do peito, assim... “Eu gosto desse lugar porque foi aqui que conheci o Charlie Brown. Portanto o Charlie Brown é você...” Tem mais, vai levando... “Queria saber mais de você. Queria enxergar hoje o lado de lá do seu espanto. Queria diminuir as suas mágoas e amanhecer em seus segredos. E contar aos seus fios de cabelo que ali mora a vontade de morar na vida” E mais dramaticamente... “Queria dizer que não sei de música sem você. Contar que não há festa sem você. Queria também contar que vou envelhecer de tédio na minha imaginária perda de você.” Assim o amor é bonito. Basta você querer senti-lo. E saiba ser mais forte do que todos os ventos e traga em suas mãos, mesmo que pequena, uma nova flor falando da alegria dessa chegada. Venha corajosamente de veleiro em frente e mesmo que venha vindo há pouco tempo, faça com que séculos venham explodir de repente e caracóis dourados enfeitem sonos e perfumes novos embriaguem poros e pedaços de espelhos venham nascer em veias para correr por todas as estradas. Venha e faça como se repente o velho peito reaprendesse o que na realidade nunca soube. Só sonhou. Faça também valer uma força nova e misteriosa de vida nascer das pontas dos dedos ensinando mãos a desenhar poemas e oferecer margaridas. Coisas que você precisa saber. E tente não sair das vistas do arco-íris. Ao contrário não poderei chegar até lá. Você que cresceu na calçada do meu desencanto, você que cresceu. Você quer ser a minha namorada?
Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 11/06/2013
Alterado em 11/06/2013 |