Fernando Varela

O poeta  nada mais é do que o escravo das suas próprias palavras

Textos

PORTÕES ABERTOS
É preciso muito equilíbrio para não bambear a corda.
Assim como é preciso muita loucura para perdoar a lucidez.
É preciso muito amor para perdoar o perdão imperdoável.
Assim como é preciso muita grandeza para sangrar e estancar feridas.
É preciso precisar porque quem cronometra o tempo é o próprio tempo.
Assim como é preciso sonhar um sonho inacabado mas que tenha um final feliz.
É preciso engolir um pesadelo que na verdade só existiu dentro dele mesmo.
Assim como é preciso ser para que a respiração não fuja.
São necessárias as pazes porque ela (a paz) nunca foi uma só.
Assim como são necessárias as guerras para o equilíbrio de nossas buscas.
São necessárias as palavras porque elas têm o poder de ao mesmo tempo agredir e afagar.
Assim como são necessárias as luzes que nos protege da escuridão e do medo de nós mesmos.
É preciso muita perna para bambear a lucidez.
Assim como são precisas a sensibilidade e a razão de amar eternamente.
São necessárias as atitudes porque elas sintetizam os gestos.
Assim como são necessárias as virtudes que não têm manto para se cobrir.
É preciso se saber, se descobrir no coração do fundo, no mundo do coração.
É ser novamente, de novo se for preciso, reviver, rebuscar, sacanear a existência e gritar lucidamente como um louco: estou feliz.
É preciso se desvendar, mas é mais necessário ainda, revelar-se a si mesmo.
Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 17/05/2013


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