Fernando Varela

O poeta  nada mais é do que o escravo das suas próprias palavras

Textos

UMA PEQUENA CRÔNICA ESPIRITUAL
Ensinaram-me que uma manhã, uma tarde e uma noite,
não significam simplesmente a promessa do dia seguinte.
Ensinaram-me que dívidas são as nossas dúvidas não esclarecidas
e não resolvidas.
Disseram-me que o amor não consaguíneo, pode tornar-se mais forte
do que aquele que nos acostumamos a lidar no dia a dia.
Ensinaram-me que a saudade é eterna na eternidade que carregamos
dentro de nós mesmos e que as nossas súplicas são ouvidas, mesmo
que não nos conformemos ou não aceitemos os destinos que para nós
foram determinados.
Disseram-me que a bondade alivia os corações aflitos, desesperados
ou descrentes e que um gesto pleno de renúncia protagoniza o mais
belo despertar de uma próxima existência.
Ensinam-me que o que nós pensamos que merecemos, está muito
mais além do que na verdade temos o direito de reivindicar e que os
nossos passos, que tanto nos vangloriamos certos, se encontram
apenas descobrindo a primeira de uma infinita série de caminhadas.
Disseram-me que a palavra que nos conforta, deve ser pronunciada
por nós mesmos, e que depois deverá haver uma pequena pausa,
para podermos escutar o nosso próprio silêncio.
Ensinaram-me que eu ainda preciso aprender muito mais do que aprendi
e que as verdades que tanto buscamos, não estão ocultas; nós as escondemos dentro dos nossos próprios medos que tanto nos apavora.
Disseram-me que todas as manhãs, todas as tardes e todas as noites,
serão bem-vindas, se por bondade de Deus, nos for permitido o dia seguinte.

Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 26/04/2013
Alterado em 13/08/2018


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